Sê o meu refúgio
A minha cabana secreta
Onde mais ninguém encontra
A paz, terna e completa,
Constância que não se compra
Os livros e as memórias
Fotos, roupas e odores,
Sabores, todas as histórias
Amores e desamores
O baú dos sentimentos
A poeira da saudade
As mézinhas e unguentos
A bengala da verdade
O baloiço da inocência
Arranhado por traquinas
Movidos a irreverência
Ar puro por vitaminas
A Tv do pôr-do-sol
Pintado no céu azul
A Rádio num rouxinol
Voando de norte a sul
A capa de um estudante
Negra na noite fria
O beijo de um amante
De paixão e de alegria
O amor, o meu e teu
Num lençol de cetim
E todas as estrelas do céu
Guarda-as para mim
Porque eu vou chegar cedo
Com carinho e cansaço
Com coragem e com medo
Vou pedir, com um abraço:
Sê o meu refúgio.
Braga, 3 de Março de 2004, 2:37