30 novembro 2003

Estrada Negra

Há hoje mais gotas carmesim
Espalhadas em teu negro manto.
Há hoje mais desespero e pranto
E saudade que não terá fim.

Mais uma vida que acabou
Naquele que chamaram principal,
Naquele tapete mortal
Que tantas antes reclamou.

Foi de muitos amiga, companheira
De franco sorriso e alegria,
A auxiliar os amigos a primeira.

Tantas vezes passou por essa via
E nela encontrou tão triste fim.
Chóro agora as gotas carmesim.

Braga, 30 de Novembro de 2003

27 novembro 2003

Pedido de Ajuda

Socorro! Sou Blogólico terminal.
Sou até um suicida virtual!
Não há nada que não me deprima.
E mais, eu blogo sempre em rima!

Sou El_Tor0, poeta do cyber-espaço.
No meu blog, "posto" tudo em verso.
E entrei no fatidico processo,
Que causou na minha vida estardalhaço.

Aceitem a minha inscrição,
Salvem-me da morte virtual,
Livrem-me do blog maldito.

Eu quero ver a salvação,
Quero ser um poeta normal.
Por isso, considerem-me inscrito!

Braga, 27 de Novembro de 2003, 19:30

Soneto De Ébano

Mil olhos me miram, tão brilhantes,
Da face escura, de negro pintada.
Mil gélidas lágrimas a deixam molhada,
Oculta pelos brancos véus flutuantes.

E hoje, como tantas vezes antes,
Esvai-se de mim a vida, já cansada
De seguir esta linha amargurada,
Resistindo às dores lacinantes.

Continuam os olhos a mirar-me,
Durante horas me seguem, perscrutando.
Até na cama, onde me refugio,

A negra face insiste em assombrar-me.
E só o Sol, quente, despontando,
Afasta a noite, e seu olhar sombrio.

Braga, 27 de Novembro de 2003, 3:01

21 novembro 2003

Tele-Poesia

I

Onde está a prometida felicidade de ser amado?
Onde está o desejado sentimento?
Onde pára esse estranho momento?
Nunca o senti, nunca me foi demonstrado.


II

Quando menos esperar, voltarei a amar.
Sem sequer me aperceber, encontrarei quem me quer.
Será assim, de repente
Que ficarei feliz novamente.


III

Não demores a voltar da tua ida,
Que o aperto que senti ao tu partires
Cresce desde a hora da despedida,
Para morrer à hora que tu voltares.


IV

Num outro tempo, outro lugar
Quem te fará feliz vais encontrar.
E saberás, na hora e ali,
Que eu estarei feliz por ti.


Pequenos poemas, escritos em vários sitios e em diferentes datas, com uma coisa em comum: Escritos utilizando o meu telemóvel como suporte, com as limitações óbvias de espaço. Todos eles foram enviados como mensagem, sendo que todos tinham alguém em mente. É, como diz o título, Tele-Poesia.

Latino (Sentir-se bem)

Mira-te do alto a fera eternizada.
Da tuba no céu brota etéreo som
De tango e dança e sol e nada.
Na mesa entrechocam-se o jogo e o tom.
Bebem-se as notas, as letras e os odores.
Fala-se de gente, de ódios e amores.
Abrigados da vida em etérno desatino,
e tão vívida na essência do Latino.

Latino Bar, Braga, 21 de Novembro de 2003, 1:31.

20 novembro 2003

Poeta

Enche-se o ar
De palavras ditas
É a alma a soltar
As vozes aflitas
É o mundo a girar
O corpo a tremer
Mostrando tudo
O que quero dizer
Por isso escrevo
Sinto
Minto
Digo
Faço
Por isso tudo
Sou
E haverei de ser
Poeta

Braga, 4 de Novembro de 2003, 11:42

19 novembro 2003

Onde estás, que não aqui?

Menina-Mulher,
Que tanto me atormentas,
Onde anda nesta hora a tua alma?
Se a tua face a tenho presente
À minha frente.
Onde estão teus sonhos e desejos,
Que os não vejo e não os sinto
E os não tenho?
Onde pára a tua voz, o teu sorriso?
Longe, é certo,
Que em mim só vejo dor
E abandono.
Quão perto estou eu do paraíso,
Mas não o atinjo.
Pois, se embora algo de ti tenho,
Aquilo que tenho não é amor.

Braga, 19 de Novembro de 2003, 6:39

18 novembro 2003

Mimos

Calor
Beijo
Música
Olhar
Poesia
Foto
Palavra
Toque
Doce
Livro
Carícia
Mensagem
Dança
Desenho
Peluche
Gelado
Jogo
Arte
Amor

Braga, 18 de Novembro de 2003, 00:50


Para todos os que, como eu, estão precisados de um mimo, ou de um colo...

17 novembro 2003

Instante

Num instante, tudo parece diferente
De repente, muralhas ficam em ruinas
Fortes árvores são arrancadas
Voam carros pela paisagem
Secam rios nas montanhas
Subitamente, o mundo desaba
E em cima de ti fica o peso
Desse instante....

Braga, 17 de Novembro de 2003, 6:47

13 novembro 2003

Li

Foste fogo
Repentino
Adormecido em mim

Luz brilhante
Desatino
Odor de Jasmim

Leve água
Ouro fino
Pétalas de Rosa

Suave pena
Antigo livro
De poesia e prosa

Foste Lua
Escura noite
Quente dia de Verão

Foste nada
Foste tudo
No meu coração

Foste risos
Foste lágrimas
Deste singelo pranto

Hoje à tarde
Apagou-se o fogo
Mas não se acabou o encanto

Braga, 12 de Novembro de 2003, 3:26

10 novembro 2003

Princesa

Apesar de pouco te falar, sinto falta do teu sorriso.
Do apoio que sempre me deste, quando foi preciso
Dessa forma que tinhas, tão suave, de me olhar
Da maneira simples como me ensinaste que é bom amar.

Foste tu que me aliviaste, mataste as dores.
Contigo aprendi a olhar de frente os meus temores.
Mostraste-me que mesmo magoado fica-se a perder,
Quando não se arrisca, não se pode vencer.

Embora não falemos tanto, não te esqueci.
Quando algo me magoa penso logo em ti.
No quanto me senti seguro nos teus abraços.
Serás sempre quem me ilumina os vacilantes passos.

Desde que te conheci, em mim algo mudou.
Uma amiga de verdade minh'alma encontrou.
E mesmo que não to diga, fica na certeza,
Serás para todo o sempre a minha

Princesa

Braga, 10 de Novembro de 2003, 20:49

07 novembro 2003

Isa

Sem pensares
Fazes-me bem
Sem saberes
Agrada-me ouvir-te
Sem notares
Mantens-me são
Sem te esforçares
Dás-me esperança
Sem quereres
Lavas-me a alma

Braga, 7 de Novembro de 2003, 5:07

Expectativa

Não me falem do futuro
Negro
Frio
Que nada me leva a crer
Seja melhor

O que vejo no presente
Sombrio
Triste
Só me leva a temer
O pior

Braga, 7 de Novembro de 2003, 4:41

06 novembro 2003

Uma Moderna Lágrima

Dei com um pacote
Na Rede outro dia
Resolvi estudá-lo
Para ver que seria.

Passei-o num scan
Com um anti-vírus
Nele não vi sangue
Nem rasto de tiros.

Tentei editar
Em hexadécimal
Não vi ruindade
Sequer algum mal.

Fiz executar,
Editar outra vez
Não vi pele amarela
Ou sequer negra tez.

Nada vi de político
Ou ódios nenhuns
Era só um montinho
De zeros e uns.

Braga, 5 de Novembro de 2003, 19:08


Baseado no poema "Lágrima de Preta", de António Gedeão, com uma vénia e um toque de "Engenheiro"...

05 novembro 2003

Disapointed

One more time i saw you,
One more time i was disapointed.
You said to me nothing new,
But still you have me enchanted.
Enchanted to your beautiful smile,
That follows me in this life.
Enchanted to your soft kiss,
That guides me through the night.
Oh, how i wish you'd love me,
Cos' i love you more than you want to see.

Guarda, 27 de Janeiro de 1994

À Vista

São as simples coisas aquelas que ficam
Atulhadas nas janelas
Por serem coisas simplesmente belas.

Braga, 5 de Novembro de 2003, 4:53

Musa Inspiradora

Já que ela tanto insiste,
À minha Musa Inspiradora
Vou cantar eu desta forma,
Pois homem algum lhe resiste,
Um cantico de pássaro ferido,
Um muito sentido obrigado
Por me ajudar em meu fado,
Na mágoa, no desatino.
Por ouvir meus devaneios,
Sempre tão negros e feios

Gravado está em meu corpo
O calor do teu sorriso.
Se no tempo impreciso,
Não se apaga com um sopro.
Desenhada levo a fala,
As palavras perecíveis
E os jeitos imperceptíveis
Que te traem a falsa calma.

Eis a cabana que te fiz,
Caiada com o pó do giz.

Braga, 5 de Novembro de 2003, 3:06

04 novembro 2003

Acredito

Acredito,
Do mais profundo do meu ser
Ao mais minusculo átomo da minha existência.
Não vejo outra maneira
De viver, sem que uma idéia
Fixa, sempre presente, permanente,
Exista no meu errante pensamento,
Viva no mais recondito canto da minha alma.
Aliviando-me, forçando-me a continuar.
E por mais que o caos em que vivo,
A continuada traição que me vitima,
O horror que me inunda incessantemente,
E a dor que diariamente me aprisiona,
Se fechem em meu redor, asfixiando-me,
Eu continuo na perseguição do meu objectivo,
Atacando e caindo nesta gigantesca batalha.
Mas sempre levantando-me,
Sempre recuperando forças,
Só porque acredito
Que tu me esperas.

All Falls Apart

Darkness falls.
So does my heart, cold.
Though young, once merry,
Now bitter and old.
For the one it belongs
Seems far, away from reach.

Raindrops fall.
So are my eyes, wet.
If once from happyness,
Now they're only sad.
For the only one they see
Is in love, but not for me.

Fog falls.
So is my head, cloudy.
Times were then clear,
Now the thoughts are fuzzy.
For they're all for her,
But her doesn't care for them.

Thus, also i fall apart.

Braga, 3 de Novembro de 2003, 4:47