Mil olhos me miram, tão brilhantes,
Da face escura, de negro pintada.
Mil gélidas lágrimas a deixam molhada,
Oculta pelos brancos véus flutuantes.
E hoje, como tantas vezes antes,
Esvai-se de mim a vida, já cansada
De seguir esta linha amargurada,
Resistindo às dores lacinantes.
Continuam os olhos a mirar-me,
Durante horas me seguem, perscrutando.
Até na cama, onde me refugio,
A negra face insiste em assombrar-me.
E só o Sol, quente, despontando,
Afasta a noite, e seu olhar sombrio.
Braga, 27 de Novembro de 2003, 3:01