26 outubro 2003

Estranho

É estranho ver-te como um espelho
Daquilo que sou eu, mas de outra forma,
Ambos diferentes de todos aqueles
Que se dizem da juventude a norma.

Estranho ainda o surgir do desejo,
Inesperada e súbita chegada,
Mas a vida é fértil de surpresas
E num segundo, tudo cria do nada.

Tantas vezes nos olhámos nos olhos,
Em doces brincadeiras inocentes,
Sem dar conta de escondidas emoções
Que agora se tornam tao prementes.

Não sei se na verdade escutaste,
Não sei se disse o que devia,
Espero só que nao fiques magoada
E que a felicidade a ambos sorria.

Agora que tanto aconteceu,
Num instante, da noite para o dia,
O futuro dirá se a pena valeu.
Senão, fica a lembrança, a melancolia.