14 abril 2004

O tempo e o vento, a emoção e o coração.

Já há muito, mas mesmo muito tempo
Que não sentia este amor, esta emoção,
Esta ânsia, este ardor no coração,
Que não se deixa levar pelo vento.

E se deixarmos falar o coração,
e ambos dermos tempo ao tempo,
Este amor voará como o vento,
Crescerá mais forte a emoção.

Verás que nem sempre o tempo traz a morte,
Nem o vento apaga o forte sentimento,
Nem a seca mata sempre a bela flor.

Ela renasce em todo o seu esplendor,
Na beleza suprema de um momento,
Como o desabrochar de um amor mais forte.

Braga, 14 de Abril de 2004, 2:54

01 abril 2004

Subitamente

Para a Cila

Trazes em ti um amor profundo
De beleza ímpar, de tão singelo,
Um sorriso de abraçar o mundo,
Um olhar que queima de tão belo

Um sentimento que não se pode narrar
Como as gotas que caem neste chão
Que te agarra mas não podes agarrar
Como areia que te escorre pela mão

Um dia ele vai solidificar
Subitamente, nele mergulharás
No calor inebriante de um beijo

E quando essa altura chegar
A felicidade plena encontrarás
Sê feliz, é tudo o que te desejo.

Braga, 31 de Março de 2004, 3:12

Sonhar Realidade

Oiço a chuva na rua, lá fora, a brincar,
E crio em mim, de novo, a tua imagem.
Que agora não mais é uma miragem,
Antes sonho de que não quero acordar.

Fecho os olhos e de novo me revejo
Ao teu lado, onde sinto que pertenço.
Encontro a paz e um fogo tão intenso,
Amor sereno e ardente desejo.

Sonho agora com teus longos cabelos
Onde sempre se perdem minhas mãos,
Que tanto gostam de andar a percorre-los.

Ser contigo feliz é o meu mais terno ensejo,
E não foram os meus sonhos vãos,
Pois desperto para o presente com teu beijo.

Braga, 31 de Março de 2004, 3:38

09 março 2004

Velhos Amigos, Novos Rumos

Lembras-te de um dia te contar
Que outra rota irias navegar?
Pois não há rumo sem escolhos,
Sem baixios onde encalhar.
E se agora choram teus olhos,
A maré alta os irá secar.

E se nova rota tens agora de tomar,
Deixando-me sem ti em alto-mar,
Voltarei a estar contigo em bom porto,
Noutros molhes nos iremos encontrar,
Onde o destino não será tão torto,
Onde será mais fácil aportar.

Braga, 9 de Março de 2004, 4:45

08 março 2004

Parabéns

Mostraste-me a vida, e um amor infinito.
As minhas palavras têm a tua alma.
E sempre acodes quando me sentes aflito.

Se te escrevo agora, em sossego,
Às tuas mãos, que sempre me guiaram
Onde cheguei, onde irei, a ti o devo.

Parabéns, Mãe.

Braga, 8 de Março de 2004, 2:38

O Teu Eu

Deste-te a conhecer, noite dentro,
Ouvi teus sonhos, histórias, ilusões.
Como quem a alma pinta numa tela,
Assim tu me mostraste a tua vida,
Simples, como tudo em ti, que és bela.

Vi teus medos, as razões do teu pranto,
As vitórias, problemas, soluções,
Noites tristes, choro, lágrimas caídas,
Dores, risos e amores, e na partida,
Agradeci-te as palavras, tão sentidas.

Braga, 8 de Março de 2004, 2:31

06 março 2004

The Dog And The Bone

I am just a simple bone.
Won't you be my puppy,
Grab me and take me home?

I'm a bone with good meat.
Will you have a bite,
Hold me between your feet?

I'm a bone so sweet and fresh.
Enjoy me while you want,
Don't put me in the trash.

Bury me in the earth
To keep me safe and sound
Don't let the others search

For i am just for you,
A sweet bone good for life.
Will you be for me too?

Braga, 5 de Março de 2004, 19:51

04 março 2004

Tela em ti

Surgiste da noite, vogando entre a bruma.
As mãos abertas, pedindo meu abraço.
E eu pousei minha alma em teu regaço,
E toquei teus cabelos qual espuma.
Enganando os designios da fortuna,
Contemplando de teu rosto o belo traço,
Pintado sem esquadro nem compasso.
E beijei os teus lábios com ternura.

Braga, 3 de Março de 2004, 21:57

03 março 2004

Amor Meu

Sê o meu refúgio
A minha cabana secreta
Onde mais ninguém encontra
A paz, terna e completa,
Constância que não se compra
Os livros e as memórias
Fotos, roupas e odores,
Sabores, todas as histórias
Amores e desamores
O baú dos sentimentos
A poeira da saudade
As mézinhas e unguentos
A bengala da verdade
O baloiço da inocência
Arranhado por traquinas
Movidos a irreverência
Ar puro por vitaminas
A Tv do pôr-do-sol
Pintado no céu azul
A Rádio num rouxinol
Voando de norte a sul
A capa de um estudante
Negra na noite fria
O beijo de um amante
De paixão e de alegria
O amor, o meu e teu
Num lençol de cetim
E todas as estrelas do céu
Guarda-as para mim
Porque eu vou chegar cedo
Com carinho e cansaço
Com coragem e com medo
Vou pedir, com um abraço:
Sê o meu refúgio.

Braga, 3 de Março de 2004, 2:37

Soneto para ti

Houve um dia água do mar
A escorrer pelas colinas
E perolas cristalinas
Que deixaram de brilhar

Houve um dia asfixiante
De dormência, de torpor
A temperatura, o odor
De lava calcinante

O metal ardente
Enterrado no ventre
Da terra-mãe em dor

Deixando-a doente
Mas não para sempre
Um dia estará melhor

Braga, 3 de Março de 2004, 1:58

Dou T-1 Duplex

Tanto queria eu beijar
Como posso eu explicar
As marcas desse amargo fado
Que a cada passo dado
E tê-lo passado ao teu lado
Me sinto encorajado
A dor queria mitigar
Para te conquistar


Braga, 3 de Março de 2004, 1:22

13 fevereiro 2004

Tu

Suave, gentilmente
Tocas por quem passas
Mas a tua marca é quente
Indelevel, perene
Forte, doce e viciante

A quem ouve abres a alma
Alargas o coração
Fazes viajar no sentimento
Deixas para trás o tempo
Da tristeza, e do tormento
Tens balsamo que salva.
Da beleza fazes canção
Do amor dás a lição.

Ves nas pequenas coisas
O sorriso de criança
Um pássaro ao sol é hino
Um papel ao vento é dança
E nas ondas de uma trança
Ves o mar em desatino
Desde a praia em que enfim poisas

É por isso que estou a tentar
Um poema para ti escrever
Mas tanto fica por dizer
Tanto fica por explicar
Tinha tanto para contar
E há ainda tanto para viver
Que acho que, quando morrer
Deixarei o livro de teu nome por acabar,
Sónia.

Braga, 12 de Fevereiro de 2004, 5:40

21 janeiro 2004

Hoje

Passou-se mais um dia, de repente
Mas este, sem nada fazer crer
Não foi um dia triste como os outros
Este foi para bem melhor diferente

Trabalhar nunca pareceu tão fácil
Passou num ápice esse penoso tempo
Almoço farto, enorme o apetite
O tempo, a voar como o vento

Tomar café, falar como viver
Com quem os frios dias me aquece
De tudo e nada, tudo dizer apetece
E o tempo, esvaindo-se a correr

O por-do-sol, na escada de pedra
Com irmãos de alma a olha-lo a meu lado
Iluminando o fim de mais um dia
Num quadro que jamais será pintado

Jantar de amigos, e mais uma conversa
Voltar para casa, que já o tempo foge
E se amanha não for dia melhor
Espero que seja tão bom como foi hoje.

Braga, 21 de Janeiro de 2004, 2:30

Então, até amanha!

18 janeiro 2004

Do Outro Lado

Do outro lado
Os faróis me assombram.
Etéreos, iluminando,
Tocando o amâgo de mim.

E o som, que mal ouvi,
Ecoa nas paredes
Das memórias minhas,
Ribombando qual trovão.

E o sol fugaz
Ofusca a luz do salão,
Tudo despertando em mim,
Doendo sem brilhar.

Ainda vejo e sinto
Os teus olhos, a tua voz, a tua face.
E de novo nos vejo,
Eu e tu, sózinhos
No meio de tantos outros.
Mas tu sempre ficaste
Do outro lado.

Braga, 16 de Janeiro de 2004, 5:20

17 janeiro 2004

Vidas

No mar, eis os veleiros
De rotas distintas.
As vezes juntos,
Qual cardume,
Outras afastados
Como lobos na noite.

De destino certo, vogam
Ao sabor de ventos,
Tempestades ou calmia.
De pouco vale leme,
Pois o mar manda
Onde a seguir vão.

Alguns encalham.
Outros, rasgam-se as velas.
Outros há que vão
Na direcção errada.
Outros ainda
Parados no mar alto.

Eu parei.
Fiquei aqui,
A ver-te.

E tu,
Que vogavas
À deriva

Partiste
De velas ao vento
Na rota certa

E eu
Vi-te partir
E sorri.

Braga, 15 de Janeiro de 2004, 6:40